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História

LIGA PORTUGUESA DOS DEFICIENTES MOTORES

No limiar dos anos cinquenta nos países mais desenvolvidos, na Europa como noutros continentes, começaram a surgir movimentos da sociedade civil para a organização de respostas locais para as situações incapacitantes, consequentes dos anos acrescentados à vida das pessoas, conseguida pelo progresso científico. É neste contexto que João dos Santos regressado de um estágio realizado em Paris, partilha com Rosa Bemfeito a ideia de concretizar em Portugal um projeto semelhante. E é no Colégio Claparède, onde partilham a direção, que desencadeiam o movimento voluntário reunindo diversos especialistas e famílias constituindo a Liga Portuguesa dos Deficientes Motores, a primeira organização da sociedade civil neste domínio, com estatutos aprovados dois anos mais tarde (1956).

O primeiro acordo de cooperação entre a Liga Portuguesa dos Deficientes Motores e a Direção Geral da Assistência, surge na sequência da apresentação do 1º Plano de Atividades (1965) e assinala a profissionalização da organização, ao acrescentar aos colaboradores voluntários, profissionais de diversas áreas, para otimizar e desenvolver o potencial de cada cliente, numa perspetiva mais técnica do que assistencial, mas assegurando a cada cliente e sua família o suporte social possível. Em simultâneo, desenvolve diversas atividades dirigidas à sociedade para o reconhecimento da pessoa, para além dos seus condicionamentos físicos, intelectuais ou sociais e estabelece parcerias com organizações congéneres, mantendo como primeiro objetivo, a contínua atualização do conhecimento e de novas estratégias.

Durante o período seguinte e até ao início dos anos oitenta, a instituição amplia os seus serviços, sustentada na contínua atualização do conhecimento científico e confronta metodologias com Organizações congéneres internacionais, procurando dessa forma, manter atualizada a sua ação e a competência para formar a equipa na sua diferenciação profissional, assegurando simultaneamente às famílias e aos profissionais dispersos pelo país, o seu apoio na organização de respostas locais, disponibiliza saber e recursos sempre na perspetiva que defende, de que a resposta às solicitações devem ser preferencialmente, desenvolvidas a nível local, com os recursos humanos e logísticos locais, envolvendo as autarquias e a comunidade civil e sempre, as famílias. Nesse período, a instituição é convidada por Organizações internacionais e assegura a sua representação a nível nacional, (Very Special Arts e Special Olympics, com a Fundação Kennedy e a Rehabilitation International, USA e COFACE, Organização europeia que reúne ás associações de famílias nacionais).

A consolidação do Programa de Atendimento à 1ª e 2ª infância, iniciado em 1979 nas instalações da Rua da Junqueira, resulta de crescentes solicitações de famílias e dos serviços de saúde, sendo ampliado no primeiro programa nacional para o atendimento à multideficiência, de início dirigido a sete crianças o que sugeriu o nome de Arco-Íris, ainda sem apoio estatal, mas logo ampliado na idade e número de clientes, passa a Arco-Íris I, Arco-Íris II e Arco-Íris III, abrangendo as crianças que continuavam a sobreviver sem diagnóstico identificado, mas com múltiplas deficiências, graves e profundas.

A década de oitenta, inicia-se com o lançamento do projeto inovador dirigido para a inserção de crianças com múltiplas deficiências na comunidade onde vivem e preferencialmente na escola do seu bairro, acompanhado por uma forte sensibilização mediática do público sobre os direitos das pessoas com deficiência, ao mesmo tempo que se intensifica, amplia e fortalece o relacionamento internacional com Organizações congéneres e com a comunidade europeia, através de novas parcerias com as de maior representatividade internacional, assumindo a sua representação no nosso país, Ainda durante essa década cria e dinamiza uma série de atividades que ultrapassam e ampliam a sua ação direta e a distinguem, sendo reconhecida como instituição de referência no domínio social e da (re)habilitação.

No Ano Internacional da Pessoa com Deficiência (1981, AID), a LIGA é convidada a Coordenar o Programa do distrito de Lisboa, organiza grupos de trabalho nas áreas da saúde e (re)habilitação, da educação, da ação social, do emprego e da acessibilidade, apresentando as conclusões em sessão publica presidida pelos membros do governo com a tutela da área respetiva. Cria também em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, um grupo de trabalho sobre a Acessibilidade urbana e reúne com cada autarquia do distrito para a elaboração do respetivo plano de urbanização acessível.

No mesmo período temporal, é criada a UNIR (Unidade de Investigação em Reabilitação), para o estudo foi dada a designação de Unidade, ao reunir doentes e suas famílias, o especialista para orientar e acompanhar a evolução de cada caso. A organização preta o apoio de reabilitação e social e assegura o funcionamento.

Desses grupos, alguns evoluíram, assumindo a dimensão nacional e a sua representação nas Organizações congéneres internacionais e constituem um recurso essencial para o estudo da doença, assegurando aos doentes, os serviços clínicos e terapêuticos essenciais para a sua qualidade de vida.

Em 1985, são aprovadas três candidaturas apresentadas ao 1º Programa Nacional do Fundo Social Europeu, sendo um dos projetos, classificado como ação inovadora a ser desenvolvida em três anos. O projeto incluía o estudo da multideficiência no distrito de Lisboa, a formação de agentes para o atendimento da multideficiência e a realização do 1º Roteiro de Recursos dos serviços e equipamentos disponíveis no Distrito de Lisboa, para o atendimento a pessoas com algum tipo de deficiência. Um trabalho extenso de recolha e classificação da informação útil e sua organização, sendo na sede da instituição a sessão pública da apresentação do 1º Roteiro de Serviços e Equipamentos (públicos e privados) no Distrito de Lisboa, presidida pelos ministros da saúde e da segurança social e emprego.

A inauguração do piso principal, sem o corpo da piscina, permitiu a instalação adequada do Programa de Atendimento à 1ª e 2ª infância, subsidiada por mecenas ingleses Amigos de Portugal, correspondendo a uma prioridade sentida pela organização de intervir, o mais cedo e atempadamente possível, numa fase precoce de desenvolvimento das crianças em situação de risco, com atraso no desenvolvimento ou com deficiência motora, mental e/ou sensorial.

Acentua e amplia a abertura ao exterior, procurando dinamizar localmente a criação de condições adequadas às necessidades específicas de cada cliente, para promover o reconhecimento da comunidade e a participação na criação de soluções de acesso aos serviços. No decorrer do ano de 1988, estabelece parcerias com o Ministério da Educação e órgãos da comunidade local (Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, etc.) para o desenvolvimento do projeto inovador das Unidades Locais, localizadas em escolas de 1º ciclo do ensino básico, dirigidas à população com multideficiência. No início da década de noventa, a instituição apresenta outro projeto inovador, concretizado através do protocolo estabelecido entre a instituição, a Câmara Municipal de Lisboa e o Instituto do Emprego e Formação Profissional para a criação de um espaço de mediação entre a procura e angariação do emprego, designado pela sigla OED – Operação de Emprego para Pessoas com Deficiência, na Cidade de Lisboa e ainda celebra outro protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito da criação de soluções de acessibilidade no domicílio dirigido aos munícipes de Lisboa, designado por programa "Casa Aberta".

Na mesma lógica de dinamização de recursos para os cidadãos com condicionamentos da sua mobilidade, a instituição cria o Centro de Aconselhamento em Ajudas Técnicas e Recursos para a Vida Autónoma, aberto á comunidade e beneficiando clientes e famílias da Instituição, por adesão da LIGA à Rede Europeia Handynet (1990). Estes projetos, evoluíram em serviços, ainda em plena atividade, com a patente da sua originalidade.

O caráter inovador da Organização, continuamente reafirmado ao longo do seu percurso, pela abordagem institucional marcadamente diferenciadora, ao dirigir aos fatores sociais que limitam a capacidade de autodeterminação das pessoas em situação de desfavorecimento, decorrentes da deficiência ou de outra situação cultural, social ou económica de desvantagem.

 

LPDM CENTRO DE RECURSOS SOCIAIS

Na celebração do quadragésimo aniversário, sobre a 1ª escritura de reconhecimento da Organização (1994), assume nova designação mais coerente com a atuação global e pluridimensional que vem assumindo, mantendo a referência fundacional, passando a LPDM Centro de Recursos Sociais. Aberta a todos os cidadãos dos zero aos mais de cem anos, atualiza e reorganiza a sua estrutura interna e define os quatro vetores da sua intervenção, a Acessibilidades e Vida Independente; o Desenvolvimento Pessoal e Social; a Investigação/ Formação e a Informação/ Divulgação.

Multiplicam-se as iniciativas a nível comunitário, particularmente traduzidas nos designados "Clube de Jovens" (1999), "Clube Sénior" (1999) e Creche "Clube do Bebé" (2003), todas assentes em estudos aprofundados, realizados pela unidade de investigação da LIGA, sobre as necessidades da comunidade, permitindo o desenvolvimento de projetos que pudessem constituir-se como respostas concretas face a estas mesmas necessidades.

No domínio da educação, reestrutura o Programa de Atendimento a crianças dos 0 aos 6 anos de idade e recebe a designação de Programa de Intervenção Precoce, a reforçar o seu desenvolvimento, o mais cedo possível e no ambiente da criança, seja o jardim-de-infância ou a residência. Com uma equipa multidisciplinar, inclui médico fisiatra, psicóloga, terapeutas e a técnica social para despoletar os apoios necessários a cada família.

Prossegue-se a abertura de novas Unidades Locais (1997-2000), inclusive uma para jovens com mais de 16 anos (2000) e também, de Núcleos de Apoio à Inclusão Escolar, proporcionando, nas Escolas de Ensino Regular de 1º ciclo, o apoio pedagógico e terapêutico a crianças com disfunção motora grave (1997-2001). Novos protocolos de colaboração são celebrados com várias Instituições de Ensino Superior, inaugura Empresas de Inserção (2000 e 2002) e na área artística, desenvolvem-se o LIGARTE | Atelier de Artes Plásticas (1994) e o Núcleo de Dança Contemporânea PLURAL (1995), protagonista de vários projetos nacionais e europeus.

Em 2002, com a transição da tutela dos equipamentos Socioeducativos do Ministério da Segurança Social para o Ministério da Educação, são introduzidas novas orientações e procedimentos confirmados nos novos acordos, readaptando as suas valências educativas segundo orientações do Ministério da Educação, através da implementação do Programa de Educação Inclusiva "EU+TU=NÓS", dirigido às crianças que se encontravam nas Unidades Locais e no Projeto de Integração Educacional e Social, abrangendo um total de 79 crianças e adolescentes.

 

FUNDAÇÃO LIGA

A 2 de março de 2004, a Fundação LIGA é constituída pelas associações que a antecederam e por personalidades de diferentes vetores da sociedade portuguesa que outorgam a escritura na qualidade de Curadores. Segue a cerimónia pública, presidida pelo Presidente da Republica, para a apresentação da Fundação LIGA e da sua missão.

Entre os anos de 2006 e 2010, para além da atividade enquanto prestadora de serviços, dinamiza recursos especializados para suporte das necessidades especiais de pessoas com alterações da sua funcionalidade física, contribuindo para o reconhecimento da diversidade humana, desenvolvendo diversos projetos de formação, na confirmação do seu desígnio para melhorar a difusão do conhecimento produzido e criar sinergias para o estabelecimento de ligações a Instituições do Ensino Superior, que se traduzem na criação do Centro de Estudos Complexidade e Diversidade Humana.

Assumindo a qualidade e a melhoria contínua como vetores essenciais de um desenvolvimento organizacional sustentado, em 2009 a Fundação LIGA lança-se, voluntariamente, no desafio da Certificação EQUASS, desenvolvendo o projeto EUREKA – Rumo à Excelência (Programa Arquimedes, POPH, tipologia 9.6.4), no âmbito do qual estruturou o seu Sistema de Gestão da Qualidade. Em maio de 2011, a Fundação LIGA alcançou a Certificação da Qualidade dos serviços que presta aos seus clientes (EQUASS Assurance).

A passagem da Instituição de Centro de Recursos a Fundação não representou somente a mudança na estrutura formal da instituição. Representa mais do que a definição da sua orientação, a exigência da Organização em se pensar continuamente e se avaliar, em função do projeto elegido, interiorizado e assumido por todos os que verdadeiramente, são a Organização – ou seja, as Pessoas.

Consulte aqui excerto da Brochura A Memória de Um Percurso, que ilustra o percurso da Organização de 1956 a 2005.

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Evolução da Simbologia

Ao longo de mais de meio século, os logótipos adotados pela LIGA, sinalizam etapas distintas da evolução do pensamento matricial, do conhecimento e do saber experimental, no confronto com o progresso científico e social. Da sua leitura sequencial, fica a imagem progressivamente retificada de uma cultura fundacional centrada na Pessoa, em movimento crescente no aprofundamento das suas raízes éticas e valores humanistas.

1º Logótipo - 1954
1º Logótipo - 1954
Na organização social da época, as pessoas com deficiência pertenciam à categoria dos indigentes que reunia os grupos que não tinham lugar na sociedade. Eram designados por inválidos, os deficientes e os que sofriam de doenças incapacitantes ou infecciosas, enjeitados os abandonados, sem família e os indesejáveis por comportamentos sociais desviantes ou por pertencerem a outras raças, como então se designava a sua origem étnica.

O 1º logotipo é da autoria de Maria Roque Gameiro e interpreta os objectivos imediatos dos voluntários que criam a instituição, apresentando a pessoa com deficiência de pé, enfrentando um novo caminho de esperança na conquista do seu lugar na sociedade.

O logótipo, foi apresentado na inauguração da 1ª sede da Liga Portuguesa dos Deficientes Motores quando foram publicados em Diário da República os seus estatutos, três anos depois da sua constituição.
2º Logótipo - 1965
2º Logótipo - 1965
Assinalando a criação do Centro de Reabilitação, altera-se o logótipo, introduzindo uma faixa amarela, a significar para as pessoas com deficiência, um caminho novo de confiança e esperança no futuro.
3º Logótipo - 1982
3º Logótipo - 1982
Encorajada pelo impacto das comemorações do Ano Internacional das Pessoas com Deficiência (1981) e da Declaração da Década, pela ONU, a LIGA reforça a sua atenção no reconhecimento da pessoa com deficiência, alarga o âmbito da sua intervenção para acolher novas solicitações, actualiza e cria programas e serviços, assumindo com inovação, a visão da Pessoa para além da situação física em que se encontre.

Da autoria de Carlos Galamba, o logo procura interpretar as novas dinâmicas e estratégias institucionais, representando a figura humana que se afirma pela posição erecta, com referência discreta às suas limitações físicas, sobre uma forma triangular, a sugerir o seu potencial em desenvolvimento.
4º Logótipo - 1994
4º Logótipo - 1994
Ao celebrar 4 Décadas sobre a sua fundação, a instituição consolida o seu percurso de abertura à comunidade, adoptando a designação de LPDM Centro de Recursos Sociais.

Com inovação, criatividade e capacidade profissional, privilegiando a relação humana, a então LPDMCRS, assegura o atendimento individual ao conjunto diverso, do universo que acolhe.

Criado por Carlos Galamba, o logótipo mantém a imagem da Pessoa, sem referência à sua condição física, social ou cultural.
5º Logótipo - 2004
5º Logótipo - 2004
A constituição da Fundação LIGA, em cerimónia pública a 3 de Março de 2004, assinala um novo patamar de exigência ética e de qualidade na confirmação dos percursos anteriores, acrescida do compromisso de agir para que a humanidade reconheça na sua diversidade física, social e cultural, a condição essencial para um futuro, sustentável e humano.

O logótipo da autoria de Carlos Galamba, permite a leitura simbólica de continuidade com os logótipos anteriores das Ligas suas fundadoras, mas evidencia a determinação da Fundação de valorizar a Pessoa, ao colocar no topo a Humanidade na sua diversidade, sustentada pelos contextos ambientais que devem ser facilitadores da sua valorização.
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