Quando em 25 de outubro de 2023 fui sondada sobre a possibilidade de me comprometer com a Fundação LIGA, nem eu imaginava o que me esperava. Se o primeiro contacto, feito por um amigo a quem a Fundação não é indiferente foi bastante persuasiva, a abordagem feita pela Drª Isabel Salema, não me deixava grandes alternativas para um não. Mas, porque o tempo é um bem escasso, confesso que precisei de amadurecer a ideia e, sobretudo, perceber como redefinir as horas do dia e refletir sobre ilusão e desilusão e sobre o direito que, de todo, não temos de defraudar expetativas das pessoas que em nós confiam. Mais conversa, um encontro pessoal com a Drª Isabel Salema e com o Dr. Carlos Mamede, uma recomendação para me debruçar sobre o Relatório e Contas de 2022 com olhos de ver e sentido do dever, mais um empurrãozinho aqui e acolá e, sim, aceitei reunir com o Conselho de Administração e com o Conselho Executivo para perceber se seria mesmo eu a peça a encaixar numa Fundação de tanto prestígio e de propósito inabalável. Faço perguntas, sou questionada, visito as instalações, primeiro numa ronda exterior em jeito de invasão de espaço e depois numa visita guiada pelo interior. Senti-me como peixe na água com profissionais que me mostraram com orgulho e sentido humano as responsabilidades que lhes foram confiadas, as verdadeiras obras de arte por outros produzidas, a capacidade única de colocar afeto em doses avantajadas na relação de pessoas de sorrisos admiravelmente cheios. Eu podia lá negar-me a tamanho desafio. Como declinar se admiro as pessoas pela sua essência, pela sua diferença, pela complementaridade, pela sua capacidade de se darem e de receber. Sim? se me querem assim, mesmo sabendo que tenho fragilidades, tudo a aprender e mais horas a inventar, é sim a minha resposta. Até porque, a esta decisão não seria de todo alheia a admiração incomensurável pela Drª Guida Faria, grande criadora e mentora desta Casa e desta Causa, a quem prestarei sempre a minha grata homenagem. Recebo um telefonema da Drª Leonor Beleza, na sua qualidade de Presidente do Conselho de Curadores da LIGA. Mulher que muito admiro e que me fez sentir o quanto entende que ?se queres alguma coisa feita pede a quem muito tem que fazer?. Afinal, ser tratada com respeito e consideração não é a melhor forma de responder na mesma medida? E isso eu gosto, e de que maneira até porque, modéstia à parte, acho mesmo que em tudo me identifico com projetos muito especiais de que a Fundação LIGA está pejada. Dito isto, daí até ao ato de tomada de posse em 15 de janeiro de 2024 foi um salto. E sabem? De cada vez que entro em instalações onde afeto e profissionalismo andam de mãos dadas e inspirados por sorrisos e manifestações de arte de bem saber fazer, fico fascinada e cheia de vontade de, em tudo, contribuir para que mais coisas aconteçam. Neste momento, e com a procissão ainda no adro, dou-me por feliz pela decisão que tomei. E pelas pessoas com quem me cruzo. E pelas perspetivas que tenho pela frente. E pela possibilidade de crescer enquanto pessoa com as lições colhidas de gente que muito estimo e admiro. Com todos estes ingredientes sinto-me com energia e muita vontade de acrescentar valor à que é já agora uma bela receita. Tão boa quanto as das ementas culinárias e de conhecimento de causa a que tenho tido acesso. Um privilégio poder presidir o Conselho de Administração da Fundação LIGA e estar rodeada das melhores pessoas que me permitem respirar com ar puro. Que venha o futuro. E, com ele, o sentido de dever cumprido pela dignificação da condição humana. Muito obrigada, Fundação LIGA. Vamos a isto!
de Conceição Zagalo
22 de janeiro de 2024